Vendedeira de Medos
Vendes o sabor
Da tua terra
Num saquinho de plástico.
E, nas tuas palavras,
O saco encerra
O sabor mais fantástico.
- Caju, papá?
- Não, Obrigado.
- Vá lá, tá bom preço.
E, no resgate da alma,
Sou eu que te peço:
- Como está hoje?
- Está cem.
E o dinheiro
Vai e vem
Nesse bailado
E nesse ritual
Que é ser trocado
Por caju sem igual.
Vendes o exotismo,
O sabor,
E o cheiro de Moçambique.
Vendes até que o tempo deixe
Crescer a sombra
Da árvore grande
Junto ao mercado do peixe.
Capulana à cintura,
E um saquinho
Suspenso dos dedos,
Encaras a vida que é dura
E vendes um punhado de medos.
- Caju, papá?
- Dá lá.
jpv
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